Cómodo, prático e confortável era o nosso próximo destino. Sem grandes exigências físicas ou psicológicas, era o que nos convinha para umas pequena escapada de uma semana. Com a promessa de um riquíssimo Património Natural e Histórico, este seria também um Admirável Destino – A CROÁCIA.
HOTEL, NEM PENSAR!
Iniciámos a nossa visita pela capital do país, Zagreb. Encontrámos uma cidade bem cuidada, cheia de vida. As pessoas ocupavam descontraidamente as magníficas esplanadas, apesar do frio que se fazia sentir e da neve que começava a cair. Percorremos com calma as suas ruas. Zagreb é relativamente pequena e é no coração da cidade que estão localizados os principais pontos de interesse.
Optando pela maneira mais rápida de nos movermos, de modo a conhecer o máximo possível do país, alugámos um carro, o que se revelou uma decisão deveras compensadora. Na manhã seguinte, pegando no nosso pequeno Skoda, iniciámos o nosso périplo pelo país. Primeira paragem, uma pequena vila piscatória, Volosko, onde encantadoras ruas estreitas, tortuosas e íngremes nos conduziram ao primeiro vislumbre do sedutor Adriático. Proliferam na Península da Istria estas pequenas localidades, fazendo lembrar alegres aldeias italianas. Há aqui uma forte influência italiana, seja pela arquitectura, modo de vida e até mesmo comida – nada mau! Seguimos para a vizinha Opatija, parente elegante e sumptuosa. Com uma marginal de 12Km, possui magníficas casas palacianas, quase todas transformadas em hotéis de luxo. Todo o alojamento em hotel na Croácia é extremamente caro, sendo a opção viável os numerosos quartos e apartamentos particulares devidamente certificados e identificados por uma placa azul.
“VIAGEM AO CENTRO DA TERRA”
Em Pazin encontramos uma paisagem inspiradora de grandes talentos. Foi sobre o carismático abismo desta localidade que Júlio Verne encontrou influxo para a sua “Viagem ao Centro da Terra”. Descemos à garganta deste abismo, contemplando o castelo que se debruça imponentemente sobre nós. Já com a tarde avançada ainda conseguimos chegar a Motovun. Num verdejante vale ergue-se um pequeno monte e, sobre esse monte, uma pequena cidade fortificada. A aproximação a esta cidade vale por si só uma visita, mas não deixamos de nos seduzir com as antigas (e recuperadas) casas, assim como pela vista proporcionada por esta natural elevação. Na manhã seguinte vamos encontrar Porec, beijada pelo sol, desponta
ANFITEATRO ROMANO
Também os romanos, há 2000 anos atrás andaram por estas bandas e deixaram o seu testemunho. Em Pula encontramos várias ruínas romanas e um bem preservado anfiteatro romano. A croácia estava-nos a habituar às suas bonitas cidades com a torre central que rompe o aglomerado de casa antigas. Foi assim também em Labin, edifícios bem cuidados, ruas limpas e floridas. O estilo de vida é alegre e descontraído, como para recuperar dos tempos recentes menos áureos. O nível de vida, porém, contrariamente ao que esperaríamos, é idêntico ou superior ao nosso, demonstrando uma capacidade de recuperação fenomenal.
PRIMEIRA TEMPESTADE
Utilizando das inúmeras linhas de “ferries” de que a Croácia dispõe para fazer a interligação das suas ilhas e do continente, fomos para a ilha de Cres. Enfrentando uma pequena mas desagradável tempestade de neve, percorremos de noite o caminho sinuoso e desconhecido até à sua principal e homónima cidade. E depois da tempestade… a bonança! Na manhã seguinte tudo brilhava e o Adriático mais azul do que nunca. A minúscula Valun, com apenas 60 habitantes, Mali Losinj e Veli Losinj, afundavam-se num turquesa cintilante. Mesmo com frio apetece mergulhar nas águas convidativas, cintilantes e calmas. Não fosse por não ter grandes praias de areia (são construídas em betão), a Croácia seria um magnífico destino de praia. Passando a ilha de Krk que nos liga novamente ao continente, avistamos a pequeníssima ilha de Kosljun e o seu Mosteiro Franciscano, num bonito enquadramento. Já no continente visitamos a cidade medieval de Vrbnik em passagem para o interior, a caminho do Parque Natural dos Lagos de Plitvice.
CAMINHAR NUM SONHO
Começamos a cruzar-nos com os limpa-neve, cedo na viagem. A intensa queda de neve torna a estrada perigosa e demoramos o dobro do tempo previsto, num esforço suplementar. Logo à entrada do parque temos uma surpresa agridoce: uma parte do parque está inacessível devido à neve e não é possível conhecê-lo em toda a sua extensão. Contudo…o parque está lindíssimo!
PARQUE KRKA
De uma beleza diferente, mas também muito sedutora, o Parque Natural Krka, merece agora a nossa visita. Com uma paisagem de rochedos, penhascos, grutas e abismos é também espectacular.
Visitámos ainda outras cidades interessantíssimas como Zadar, uma pequena península com 4Km de comprimento e apenas 500m de largura, densamente povoada. Tribunj, o “rochedo” com casas que entram umas nas outras. Split, a segunda maior cidade da Croácia, elegantemente entalada entre o mar e altas montanhas.
CROÁCIA OU BÓSNIA?
Percorremos novamente a estrada ao longo da costa que liga a Croácia de Norte a Sul. Ou melhor… quase! No Sul da Croácia, onde o país não deve ter mais de 30Km de largura, a estrada atravessa 10Km da Bósnia, para depois entrar novamente na Croácia. Esta situação caricata, permite a Bósnia-Herzgovina ter acesso ao mar, mas implica uma série de burocracias alfandegárias. Devido a obras na estrada, porém, somos desviados da estrada costeira para uma estrada de interior. Andamos assim “perdidos” nas montanhas da Croácia e da Bósnia, tentando adivinhar em que país estaríamos a cada quilómetro percorrido. Felizmente voltámos para a estrada costeira, do lado da Croácia. Atravessámos calmamente os 10Km da Bósnia, sem as burocracias temidas. Vamos finalmente ao encontro da “Pérola do Adriático”, “O Paraíso na Terra”, “Um Oásis de Civilização”.
“A PÉROLA DO ADRIÁTICO”
Cada frase, de ilustres poetas, descreve o aspecto de Dubrovnik, mas não abarca toda a sua grandeza. Ruas de mármore fechadas a qualquer trânsito, edifícios barrocos enclausurados por uma imponente muralha, encantam os numerosos visitantes. Construídas entre o séc. XII e XVI, as muralhas têm 2Km de comprimento, 25m de altura e chegam a atingir 6m de espessura, sendo o ex-libris da cidade. Debruçada sobre o promontório de Lapad, Dubrovnik está recuperada, magnífica, vigorosa, tão resplandecente como outrora. O bombardeamento de Dubrovnik em 1991 horrorizou o mundo. Severamente danificada, enfrentou grandes desafios de recuperação e reconstrução, superados pela tenacidade e resiliência do seu povo.
Era hora de regressar. Íamos apanhar um avião matutino para ainda termos tempo, antes do transbordo para Lisboa, de visitar mais uma vez a capital. Chegamos com uma hora de antecedência ao pequeníssimo aeroporto de Dubrovnik para… perdermos o avião! Não nos tínhamos lembrado da mudança da hora, precisamente naquela noite. Por sorte conseguimos um outro avião antes do voo para Lisboa. Tivemos de fazer algumas concessões na nossa viagem. Pelo caminho ficou a visita ao parque Nacional Brijuni, com as ilhas do mesmo nome; o Parque Paklenica, as ilhas Kornati; Kórcula e tantas outras que merecem fazer parte do itinerário de qualquer viajante. Mas, beleza demora tempo e a Croácia é indubitavelmente bonita, um verdadeiro ADMIRÁVEL DESTINO.
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