ADMIRÁVEIS DESTINOS
CAMBOJA ESTÁ DE NOVO NO MAPA...
Durante os anos noventa o Camboja era um país em que viajar era difícil e perigoso, devido à presença dos Kmers Vermelhos. Presentemente, com essa ameaça terminada é, definitivamente, o país na Ásia para visitar, agora! E assim, após trinta horas de viagem, três voos de conexão e treze mil km de distância aterrámos no REINO DO CAMBOJA.
Durante os anos noventa o Camboja era um país em que viajar era difícil e perigoso, devido à presença dos Kmers Vermelhos. Presentemente, com essa ameaça terminada é, definitivamente, o país na Ásia para visitar, agora! E assim, após trinta horas de viagem, três voos de conexão e treze mil km de distância aterrámos no REINO DO CAMBOJA.
Sorrisos
No nordeste do país estão as montanhas e paisagens selvagens, alojando as minorias étnicas. Perdidos nas selvas do norte encontram-se os misteriosos templos, esquecidos durante as épocas conturbadas da guerra. O sul, repleto de praias paradisíacas com as suas águas quentes, areias brancas, coqueiros lambidos pelas ondas. E, finalmente, o povo. Os cambojanos sofreram anos de pobreza (ainda sofrem), de instabilidade política (só viu as sua independência e fronteiras definidas em 53), de abusos à condição humana, mas os seus sorrisos continuam intactos. A resposta a um meio sorriso é, invariavelmente, um sorriso completo. A herança Kmer está a renascer da opressão vivida durante as três décadas de guerra civil e as suas paisagens paradisíacas, ainda suficientemente virgens, representam um enorme potencial como destino de viagem. Os grandes investidores projectam torná-lo uma alternativa à sua vizinha Tailândia, daí a palavra agora.
Fabuloso Angkor

Este país viu a sua herança cultural ser reconhecida como património mundial pela UNESCO em 1992, mas este valor começa agora a ser reflexo de um orgulho nacional para todos os Kmers. Angkor é o coração e a alma do Reino do Camboja, uma fonte de inspiração e meditação, palco de maravilhas para os turistas, mas também, presentemente, ponto de peregrinação para todos os cambojanos. É comum, entre as assombrosas ruínas, encontrarmos um monge budista admirando a sua cultura ancestral, concedendo ao local ainda um maior brilho de encantamento.
Os templos de Angkor foram construídos entre os sec. IX e XIV e são um símbolo de criatividade e engenharia extraordinárias que nos deixa embasbacados, incapazes de transmitir todo o poder e esplendor que emana destas ruínas. Existem diversas formas de abordagem aos monumentos: por época, por grau de importância, por estilo arquitectónico. Qualquer que seja a maneira, o resultado é o mesmo: FABULOSO!
Ai... de Bicileta!
Para além das diversas formas de abordagem, existem as diversas formas de movimentação. As bicicletas foram a forma por nós escolhida, pois são uma forma excelente de nos movimentarmos, amigas do ambiente, independência de movimentos, pouco sujeita a acidentes, mas... Oh, turistas incautos, pedalar com intenso calor e humidade, apesar do sol estar camuflado pelas sombras das grandiosas árvores, não é tarefa fácil! Esta proeza levou-nos a consumir 9 litros de água e, não, não andámos sempre a correr para a casa de banho! Destilámo-la única e exclusivamente através da transpiração! Escusado será dizer que a nossa escolha de transporte no dia seguinte, recaiu pelo aluguer de um Tuk-tuk. 
As principais atracções de Angkor podem ser sumarizadas em Angkor Wat, talvez o nome mais conhecido e o exemplo mais grandioso da devoção do Homem aos seus Deuses; a cidade murada de Angkor Thom, principalmente Bayon com as suas escadas precipitadas e torres decoradas com a cara sorridente de Avalokiteshvara; Ta Phrom, cuja fama se deve ao facto de ter sido engolida pelo poder da selva, em que os monumentos são estrangulados pelas raízes de árvores gigantescas, criando uma atmosfera única de experiência de um outro mundo; Preah Khan com os seus incríveis corredores cruciformes apontando para os pontos cardeais e, sem dúvida, Banteay Srei, a jóia da coroa da arte Angkoriana, cujos relevos esculpidos na pedra são de uma tal perfeição que muitos acreditam ter sido elaborado por uma mulher, pois tal grau de refinamento não poderia ter saído das mãos de um homem. O seu nome significa Citadela da Mulher e apresenta das mais belas pedras esculpidas do planeta. Existem outros que merecem a nossa atenção e visita e não podemos esquecer, perante tanta grandiosidade de apreciar os relevos que contam histórias, glorificam deuses, relatam momentos áureos, representam as dançarinas Apsara, as flores de lótus ou simplesmente mostram a vida quotidiana.

As principais atracções de Angkor podem ser sumarizadas em Angkor Wat, talvez o nome mais conhecido e o exemplo mais grandioso da devoção do Homem aos seus Deuses; a cidade murada de Angkor Thom, principalmente Bayon com as suas escadas precipitadas e torres decoradas com a cara sorridente de Avalokiteshvara; Ta Phrom, cuja fama se deve ao facto de ter sido engolida pelo poder da selva, em que os monumentos são estrangulados pelas raízes de árvores gigantescas, criando uma atmosfera única de experiência de um outro mundo; Preah Khan com os seus incríveis corredores cruciformes apontando para os pontos cardeais e, sem dúvida, Banteay Srei, a jóia da coroa da arte Angkoriana, cujos relevos esculpidos na pedra são de uma tal perfeição que muitos acreditam ter sido elaborado por uma mulher, pois tal grau de refinamento não poderia ter saído das mãos de um homem. O seu nome significa Citadela da Mulher e apresenta das mais belas pedras esculpidas do planeta. Existem outros que merecem a nossa atenção e visita e não podemos esquecer, perante tanta grandiosidade de apreciar os relevos que contam histórias, glorificam deuses, relatam momentos áureos, representam as dançarinas Apsara, as flores de lótus ou simplesmente mostram a vida quotidiana.
Cenários de Postal
No entanto o Camboja não é só história, é presente. E, para uma alternativa aos monumentos pegámos nas nossas mochilas e rumámos em direcção à Costa Sul onde encontraríamos praias tropicais, ilhas inabitadas, uma linha costeira interminável, mas nenhuma leitura nos tinha preparado para o cenário de extrema beleza que iríamos encontrar.

A nossa ideia inicial era ir de barco, descendo o rio Tonlé Sap, admirando as paisagens verdes dos campos de arroz e apreciando a labuta diária daqueles que não têm outra alternativa do que trabalhar duro nos campos. Mas, como a nossa viagem era ao sabor das marés dos nossos interesses, nunca compramos antecipadamente passagens para este ou aquele sítio. Assim, não arranjámos bilhetes para nenhum dos barcos que fazia a descida pelo rio para o dia seguinte. Ficar mais um dia em Siem Reap (cidade mais próxima de Angkor) era impensável, pois o tempo é curto e o desejo de ver o mais possível é grande.Desiludidos, a alternativa (porque num país de terceiro mundo existe sempre alternativas) foi o autocarro que faria em 5h o percurso de 300Km para a capital, fazer um transbordo mesmo à justa e enfrentar mais uma viagem de 4h em direcção à Sihanoukville, na costa sul. O autocarro, apesar do seu suposto ar condicionado não funcionar, acabou por ter sido a solução mais indicada pois, o rio, apresentav-se com pouco caudal e era palco de um cheiro nauseabundo e paisagens degradantes de lixo amontoado, segundo nos contaram outros viajantes por aquelas paragens. Chegámos pois a Sihanoukville estafados e algo azamboados, para logo sermos “assaltados” por uma quantidade de motoristas solícitos que nos queriam levar onde eles queriam. Acertado o preço – sempre antecipadamente- e o destino da corrida do táxi-mota, lá partimos, desta vez cada qual na sua mota devido às mochilas. Note-se que o transporte de pessoas e mercadorias é feito essencialmente por motorizadas que têm de aguentar 3 e 4 pessoas (chegámos a ver 3 adultos, 2 crianças e alguma coisa mais em cima de uma mota) e/ou cargas fenomenais!
Ânsia de Conhecer
O nosso bungalow na praia,com TV, casa de banho, frigorífico e todas as comodidades necessárias, por 10 Euros por noite, tornou-se a nossa base de operações dos próximos dias. Para ver o máximo possível, dando resposta à ânsia de conhecer, conhecer mais e mais, alugámos uma motorizada que nos levou para lém dos limites turísticos das praias onde se situavam os alojamentos e, consequentemente, para longe das rotas turística e dos demais turistas. 
Encarámos assim com as referidas praias tropicais, paradisíacas e desertas... completamente desertas. Extensões de praia de areia branca, águas turquesa tão calmas que fazem a baía de São Martinho parecer turbulenta. Enfim, praias de sonho, daquelas que só existem nos postais. O que os postais não conseguem transmitir é a quietude, os odores e a temperatura da água – tão quente, tão quente que nos comportamos como crianças, ficando à beirinha da água, sentindo-a envolver-nos na sua mornidão, rebolando para um lado e para o outro. Afinal, não precisamos de nadar para nos aquecermos! Perante tal cenário esvaiem-se as palavras, o olhar fica húmido de emoção e só nos resta esperar que tenhamos a capacidade e a faculdade de recordar cada momento vivido, durante muito e muito tempo.
Encarámos assim com as referidas praias tropicais, paradisíacas e desertas... completamente desertas. Extensões de praia de areia branca, águas turquesa tão calmas que fazem a baía de São Martinho parecer turbulenta. Enfim, praias de sonho, daquelas que só existem nos postais. O que os postais não conseguem transmitir é a quietude, os odores e a temperatura da água – tão quente, tão quente que nos comportamos como crianças, ficando à beirinha da água, sentindo-a envolver-nos na sua mornidão, rebolando para um lado e para o outro. Afinal, não precisamos de nadar para nos aquecermos! Perante tal cenário esvaiem-se as palavras, o olhar fica húmido de emoção e só nos resta esperar que tenhamos a capacidade e a faculdade de recordar cada momento vivido, durante muito e muito tempo.
As Comunidades Piscatórias
Esta linha costeira é por vezes interrompida por pequenas comunidades piscatórias que, ao nascer e ao pôr do sol, oferecem aos amantes de fotografia aqueles momentos inesquecíveis, tão verdadeiros, tão originais e tão diferentes daquilo que nos é comum. Damos então conta da profusão da vida marinha com todos os nossos sentidos, sendo o paladar o que certamente mais se regogiza! Para estômagos tão calejados como os nossos, podemos dar-nos ao luxo de experimentar tudo o que temos coragem de experimentar pois, até nós portugueses, em terras cambojanas, temos poder de compra suficiente para estar sentados numas cadeiras de praia a comer caranguejo “gigante”, camarão tigre e, ainda uns lagostins que alguém na praia andava a vender, matar a sede do marisco bem temperado com algumas bebidas, tudo por apenas 5 Euros! Esta foi das nossa refeições mais caras, mas não a única gloriosa!
Alguns destes paraísos da costa sul, encontram-se debaixo de uma tentativa de preservação da natureza. Podemos assim apreciar, na companhia dos “rangers” do Parque Nacional de Ream e num delicioso passeio de barco, os mangais pantanosos repletos de vida animal criteriosamente aproveitada pelos seus habitantes.
O Budismo é uma religião que se despoja de todos os bens materiais e cuja espiritualidade transmite uma paz extrema até aos não praticantes. É de uma grandeza ver os monges pela manhã, nas suas vestes cor de açafrão, percorrer descalços as aldeias com as suas marmitas, solicitando comida para o dia. É de uma grandeza ver pessoas tão pobres partilhar a sua pouca comida com os monges e sentirem-se abençoadas por isso. É extraordinário como esta religião despoja qualquer rancor face aqueles que os deixaram nesta situação. Como sabemos isto? Os mosteiros recebem de braços abertos todos os que os vão visitar, havendo logo um monge desejoso de praticar o seu inglês rudimentar com o turistas. No meio de muitos risos, gestos e algum inglês pelo meio, lá vamos satisfazendo a nossa curiosidade mútua pelos países em questão, e sim, nós somos portugueses, aquele país que geograficamente não se sabe a localização mas que até os monges sabem que tem uma boa equipa de futebol!
O "Pol Pot"
E assim passaram, num ápice, os nossos dias na costa sul. Como precaução vamos sempre com dois dias de antecedência para a cidade do nosso voo de regresso. Esta precaução mostrou-se quase providencial, pois estivemos em risco de não conseguir transporte. Assim ficámos com uma tarde e uma manhã para explorar a capital, Phnom Penh. Realmente a capital por si só, não merece uma visita demorada, revelando um palácio real pouco realesco, em que o pagode de prata é a sua maior atracção com o seu chão coberto por .... mosaicos de prata pesando 1kg cada. É de salientar que o regime de Pol Pot destruiu 60% das riquezas ancestrais e tentou erradicar todas as formas de arte. Existe um esforço desesperado para fazer renascer das cinzas o glorioso legado Kmer, nomeadamente a dança Apsara, das “ninfas celestiais” que ricamente vestidas actuavam para o rei com movimentos pausados de equilíbrio, cada qual com seu significado. É um processo moroso, tanto que só podem contar com uma professora idosa sobrevivente à chacina dos Kmers vermelhos.
Com pouco para ver, dedicámo-nos a outra nossa grande paixão – os mercados. Pois não é nos mercados que nos são revelados os verdadeiros habitantes de um país? Não é nos mercados que encontramos os verdadeiros produtos e testemunhamos o verdadeiro poder de compra? Pondo de lado os preconceitos higienistas, ignorando os cheiros nauseabundos da carne exposta, apreciamos o movimento, o som e as cores de um país. Este é um outro mundo! Fomos nós que fomos ao encontro do seu exotismo, por isso cabe-nos a nós abraçar a sua singularidade e não arvorar uma repulsa que ali não tem lugar, aceitar a diferença e estar preparado para que nem tudo é bom... como aquele gelado enjoativo de leite condensado com feijão!
Com pouco para ver, dedicámo-nos a outra nossa grande paixão – os mercados. Pois não é nos mercados que nos são revelados os verdadeiros habitantes de um país? Não é nos mercados que encontramos os verdadeiros produtos e testemunhamos o verdadeiro poder de compra? Pondo de lado os preconceitos higienistas, ignorando os cheiros nauseabundos da carne exposta, apreciamos o movimento, o som e as cores de um país. Este é um outro mundo! Fomos nós que fomos ao encontro do seu exotismo, por isso cabe-nos a nós abraçar a sua singularidade e não arvorar uma repulsa que ali não tem lugar, aceitar a diferença e estar preparado para que nem tudo é bom... como aquele gelado enjoativo de leite condensado com feijão!
Tristeza no Adeus
Na capital a miséria que esteve latente quando percorremos o país, tornou-se dolorosamente presente e pela primeira vez instalou-se uma tristeza na nossa alma. Mas, tal como no resto do país, também aqui os sorrisos aquecem os corações, os deles e os nossos!
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