ADMIRÁVEIS DESTINOS
Imaginem um país que, de tão ecológico, escolheu para a sua bandeira um símbolo da Natureza. Imaginem um país que a par da vida humana, valoriza a vida selvagem. Imaginem um país que cuida dos seus parques naturais e onde todos os animais se sentem protegidos. Esse país existe: o Canadá!
CANADÁ, UM IMENSO PARQUE NATURAL
A grandiosidade do Canadá não lhe advém apenas de ser o segundo maior país do mundo. Advém-lhe sim, da sua verdadeira democracia, do cuidado que presta aos seus habitantes e da cidadania que estes lhe retribuem. E ainda, da diversidade e quantidade de paisagens naturais que apresenta, de tal modo que é fácil “perdermo-nos”, desorientarmo-nos, sem saber por onde começar. É necessário ponderar o que queremos ver, considerar o tempo disponível e, …aflorar
uma ínfima parte do país!
Maid of the Mist
Delineamos a nossa estratégia de abordagem e, iniciámos a descoberta pelas cataratas do Niágara, na fronteira do Canadá com os Estados Unidos. São duas as quedas de água, impressionantes sem dúvida, especialmente a “ferradura do cavalo” do lado canadiano, com 54m de altura e 675m de largura, em que a massa do rio se precipita numa queda incessante, fustigando as rochas numa névoa cintilante onde se curvam e entrecruzam arco-íris. Apreciámo-las de todos os ângulos possíveis: de barco no Maid of the Mist (Menina do Nevoeiro), nome que evoca uma lenda segundo a qual quando os projectores iluminam as quedas, aparece diante da gruta a silhueta de uma jovem índia afogada, misturando-nos com a bruma perpétua; pelos túneis, escavados na rocha por trabalhadores intrépidos que aproveitaram uma congelação total das quedas, ouvindo o seu rugido num troar mais intenso; de cima, na torre Skylon, apreciando o ímpeto com que milhões de litros de água se esmagam por segundo provocando uma efervescência metafórica; ou apenas passeando ao seu lado. A Natureza mostrou-se grandiosa, sendo só de lamentar o “circo” criado à sua volta, numa cidade repleta de néons, anunciando à multidão de turistas as mais variadas ofertas de divertimento.
Caudas e dorsos cintilantes
Como o nosso objectivo neste país seria a Natureza e não as cidades, partimos para Tadoussac, 200Km a Norte da cidade do Quebéc, onde tínhamos lido ser o sítio ideal para avistar baleias. De facto, o fiorde do Sanguenay, formado na última idade do gelo, um dos mais longos do mundo, rasga a paisagem escarpada por cerca de 100Km antes de emergir na baía de S. Lourenço em Tadoussac. Este encontro de diferentes águas torna-as particularmente ricas em alimento para as baleias que vêm aqui banquetear-se e assim deliciar os humanos apenas com um vislumbre das suas caudas ou dorsos cintilantes. Os barcos zodiac, barcos de borracha extremamente rápidos, levam-nos mais dentro do seu habitat com a possibilidade de ver um maior número de baleias, mas também é possível observá-las da costa, numa espera paciente e expectante. Assim, a par de tantos outros espectadores perseverantes, nos longos passeios pela costa ou simplesmente sentados numa rocha, pudemos observar focas, belugas, baleias de bossa. A beleza é tanta que nos fica a certeza de ter sido uma das experiências mais emocionantes de uma vida. Conseguimos ainda fazer um programa de dois dias em Kayaque, descendo o fiorde numa massa de músculos doridos. Em perfeita comunhão com a Natureza, sentimo-nos, uma vez mais, insignificantes e passageiros efémeros deste Mundo.
Imaginem um país que, de tão ecológico, escolheu para a sua bandeira um símbolo da Natureza. Imaginem um país que a par da vida humana, valoriza a vida selvagem. Imaginem um país que cuida dos seus parques naturais e onde todos os animais se sentem protegidos. Esse país existe: o Canadá!
CANADÁ, UM IMENSO PARQUE NATURAL
A grandiosidade do Canadá não lhe advém apenas de ser o segundo maior país do mundo. Advém-lhe sim, da sua verdadeira democracia, do cuidado que presta aos seus habitantes e da cidadania que estes lhe retribuem. E ainda, da diversidade e quantidade de paisagens naturais que apresenta, de tal modo que é fácil “perdermo-nos”, desorientarmo-nos, sem saber por onde começar. É necessário ponderar o que queremos ver, considerar o tempo disponível e, …aflorar
Maid of the Mist
Delineamos a nossa estratégia de abordagem e, iniciámos a descoberta pelas cataratas do Niágara, na fronteira do Canadá com os Estados Unidos. São duas as quedas de água, impressionantes sem dúvida, especialmente a “ferradura do cavalo” do lado canadiano, com 54m de altura e 675m de largura, em que a massa do rio se precipita numa queda incessante, fustigando as rochas numa névoa cintilante onde se curvam e entrecruzam arco-íris. Apreciámo-las de todos os ângulos possíveis: de barco no Maid of the Mist (Menina do Nevoeiro), nome que evoca uma lenda segundo a qual quando os projectores iluminam as quedas, aparece diante da gruta a silhueta de uma jovem índia afogada, misturando-nos com a bruma perpétua; pelos túneis, escavados na rocha por trabalhadores intrépidos que aproveitaram uma congelação total das quedas, ouvindo o seu rugido num troar mais intenso; de cima, na torre Skylon, apreciando o ímpeto com que milhões de litros de água se esmagam por segundo provocando uma efervescência metafórica; ou apenas passeando ao seu lado. A Natureza mostrou-se grandiosa, sendo só de lamentar o “circo” criado à sua volta, numa cidade repleta de néons, anunciando à multidão de turistas as mais variadas ofertas de divertimento.
Como o nosso objectivo neste país seria a Natureza e não as cidades, partimos para Tadoussac, 200Km a Norte da cidade do Quebéc, onde tínhamos lido ser o sítio ideal para avistar baleias. De facto, o fiorde do Sanguenay, formado na última idade do gelo, um dos mais longos do mundo, rasga a paisagem escarpada por cerca de 100Km antes de emergir na baía de S. Lourenço em Tadoussac. Este encontro de diferentes águas torna-as particularmente ricas em alimento para as baleias que vêm aqui banquetear-se e assim deliciar os humanos apenas com um vislumbre das suas caudas ou dorsos cintilantes. Os barcos zodiac, barcos de borracha extremamente rápidos, levam-nos mais dentro do seu habitat com a possibilidade de ver um maior número de baleias, mas também é possível observá-las da costa, numa espera paciente e expectante. Assim, a par de tantos outros espectadores perseverantes, nos longos passeios pela costa ou simplesmente sentados numa rocha, pudemos observar focas, belugas, baleias de bossa. A beleza é tanta que nos fica a certeza de ter sido uma das experiências mais emocionantes de uma vida. Conseguimos ainda fazer um programa de dois dias em Kayaque, descendo o fiorde numa massa de músculos doridos. Em perfeita comunhão com a Natureza, sentimo-nos, uma vez mais, insignificantes e passageiros efémeros deste Mundo.
Chegar antes de partir
De autocarro para Montreal, numa viagem de 7h, fizemos aqui uma breve e demasiado curta paragem de um dia para visitar alguns familiares e, assim, enganar as saudades. Esta vibrante cidade serviu-nos de catapulta para o outro lado do Canadá, num voo doméstico de 5h! Tendo a nosso favor o fuso horário, chegámos a província de Alberta antes da hora da partida. Alberta é o Canadá no seu melhor, com as suas montanhas rochosas, as Rockies, que se erguem esmagadoras nas pradarias, em que os superlativos são parcos perante a beleza e imensidão das florestas, dos lagos, dos rios, dos glaciares…
Fizemo-nos à estrada, ainda era cedo, e fomos de imediato para Lake Louise, no Parque Nacional de Banff, pequena vila que seria a base de exploração nos próximos dias, dos inúmeros trilhos disponíveis. A primeira das belezas foi propriamente o lago Louise com a sua cor azul leitosa, rodeado de montanhas imponentes, nomeadamente o pequeno Beehive e o grande Beehive. Este último, após uma ascensão de 3h, justificou bem o esforço pelas paisagens que apresenta, se bem que, quem não se quiser dar a esforços muito elevados, em qualquer lado que esteja, a paisagem é sempre deslumbrante. O poder deste lago é tão místico que nos leva, a par de tantos outros, a levantar da cama às 5h da manhã para apreciar o grande espectáculo do nascer do sol, numa explosão laranja, rosa e vermelha. O lago Moraine, incrivelmente ainda mais esmagador na sua beleza, num conjunto impressionante de cor e enquadramento perfeitos. As suas águas provêm dos glaciares que, no seu degelo, lavam os minerais das rochas, produzindo um azul-turquesa tão intenso que é certamente impossível reproduzi-lo artificialmente. Daqui partimos para um pequeno trilho até ao lago da Consolação, assim denominado por o seu vale apresentar uma luxuriante vegetação de pinheiro alpino, rodeado de picos gelados. Seria um lugar idílico não fosse a ansiedade constante de nos depararmos com um urso, possibilidade que tentámos reduzir ao formar um grupo mínimo obrigatório de 6 pessoas, falando e fazendo barulho no caminho. Um outro trilho, também tendo como partida o lago Moraine, levou-nos aos picos escarpados de Sentinel Pass, a 2605m de altitude com uma ascensão de 300m, revelou-se compensador na beleza mórbida das rochas nuas fustigadas pelos ventos cortantes. Tínhamos deixado para trás a floresta, numa caminhada que se revelou exaustiva por o nosso grupo, de norte-americanos essencialmente, encetar um ritmo exageradamente acelerado. Não compreendemos se estavam a treinar para as olimpíadas ou simplesmente estavam com medo dos ursos! Só lamentámos que não apreciassem devidamente o que a Natureza nos oferecia e, apesar das regras rígidas de grupos mínimos de 6 pessoas, fomos desfazendo gradualmente o grupo até ficarmos com um alemão e dois americanos.
Azul Glaciar
Para aceder a outros Parques Nacionais mais distantes, os transportes públicos revelaram-se ineficazes e pouco práticos. Optámos pelo aluguer de um carro e fomos pela auto-estrada mais panorâmica do mundo. São 230km de estrada que atravessam o Parque Nacional de Icefields, numa contínua herança mundial de cenários, cujas paisagens que se poderiam transpor para o mais extraordinário filme fantástico. Vislumbrámos inúmeras cascatas; incontáveis lagos com cores que vão desde o verde água ao azul mais escuro e, reflexos tão perfeitos que nos divertimos a enganar os amigos, mostrando as fotografias de pernas ao ar; cursos de água que corroeram as rochas, escavando impressionantes gargantas retorcidas; florestas, floresta e mais floresta; montanhas com gelo, sem gelo, com árvores, escarpadas e ainda chorosas; Esquilitos atrevidos que procuram afincadamente partilhar dos nossos lanches; e ainda os glaciares: brancos, gelados, inacessíveis! Ou se calhar, nem por isso!
A maior acumulação de gelo a Sul do Círculo Árctico espalha-se por dois parques nacionais do Canadá, em duas províncias. O seu degelo conflui para o Oceano Árctico, Atlântico e Pacífico, sendo a Columbia Icefield imensa. Dirigimo-nos ao limite inferior do Athabasca e, olhámos aquela massa imensa de gelo, espreitámos as suas entranhas para nos extasiarmos com a linda cor azul escondida e com o movimento que se advinha no seu interior. Queríamos mais, não era suficiente, mas cair numa das suas profundas fissuras resulta a morte por hipotermia. O centro de Icefield “oferece-nos” uma experiência única, numa viagem pela superfície do glaciar de Athabasca, em autocarros super-especiais. Estar sobre este gelo antigo dá-nos um vislumbre do poder das forças naturais e, não resistimos a provar das suas águas glaciais como o certificado de uma aventura da idade do gelo.
Onde estão os ursos?
Detentores ainda do carro, passámos a “fronteira” para a British Columbia que contém algumas das mais variadas e espectaculares paisagens. Tivemos de nos contentar apenas com o Parque Nacional de Yoho que, pelo seu isolamento, se revelou menos concorrido em termos turísticos – maravilhoso! Repleto de picos escarpados, vales formosos, lindas pradarias e lagos glaciais, correspondeu em pleno às expectativas quando, ao folhearmos os livros, exclamámos «É aqui que queremos ir!». Um desses lagos glaciais, à semelhança do lago Moraine, apresenta uma cor tão intensa que parece inverosímil, só que desta vez, com um verde que o caracterizou e denominou: Esmeralda. Não obstante o carro, não nos abstivemos de fazer mais uns percursos a pé, sempre com o desejo de desfrutar em pleno da Natureza. Ursos pardos (Grizzlies), ursos negros, coiotes, lobos, veados, alces, cabras e ovelhas montanhesas… em quaisquer destes parques naturais há uma grande possibilidade de ver alguns destes animais, pois atravessamos o seu habitat, o que, quando se anda a pé pelos trilhos, não é muito confortante!
Muitas palmas e assobios
Banff, a cidade, foi o nosso último posto de exploração, antes de voltar a casa. Aqui, demo-nos ao luxo de subir de teleférico a montanha e de experienciar umas piscinas de águas termais a 40º, numa tarde descontraída. Fomos ainda a alguns museus, apreciámos a cidade repleta de flores, aliás como todas as cidades e vilas do Canadá que parecem um jardim em festa, com flores lindíssimas em floreiras bem cuidadas nos candeeiros, nas janelas, nos jardins, em todo o lado! Demos pequenas caminhadas de despedida e, num destes pequenos passeios, pela primeira vez fomos abordados directamente por guarda-florestais que nos aconselharam «olhos bem abertos e bom senso», pois tinham sido avistados ursos na zona. Já tínhamos visto um ao longe e estávamos dentro do carro, por isso sabíamos que não era exagero ou brincadeira -aqueles avisos eram a sério! Nunca um passeio pareceu tão longo e solitário e, após muitas palmas, assobios e barulho (instruções de prevenção), chegámos ao fim dos 4km sem incidentes e sem ursos. Foi só no dia seguinte, já com as mochilas às costas e a despedirmo-nos da nossa excêntrica anfitriã da casa de hóspedes (quase nos convenceu com o seu entusiasmo a assistir a um festival de música country!), que ouvimos na rádio que aquele determinado percurso havia sido fechado aos turistas, por mais ursos terem sido avistados. Sorrimos um para o outro com um sentimento ambivalente de desapontamento, mas sobretudo de alívio! Os ursos, e toda a movimentação ao seu redor para os preservar, despertou em nós sentimentos de ternura e protecção, mas desconfiamos que é unilateral…
A despedida
De regresso a casa iniciámos uma verdadeira odisseia, numa viagem que se revelou imprevisível, caótica, absurda e extenuante (contabilizámos 48h de viagem, desde a saída do hotel até chegarmos a Caldas), cujos pormenores não cabe contar nesta história. Fica pois, a indubitável certeza que abordámos uma pequeníssima parte das potencialidades do Canadá e que este é, sem dúvida: ADMIRÁVEL.
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