País da neve e do gelo, da aurora boreal e terra dos mil lagos (na verdade são 118mil, contando apenas aqueles com alguma envergadura), assim é a Finlândia! País de extensa floresta de pinheiros, com uma produção de lenha maior do que o consumo, sem fogos de relevo, resultado de políticas de protecção extremamente eficazes.
A LAPÓNIA DA FINLÂNDIA
Iniciámos a nossa viagem à Finlândia, voando directamente para a Lapónia, pois era este o destino que fazia parte do nosso imaginário: as suas paisagens geladas com contrastes fascinantes em jogos de luz e cor, as extensas florestas e os seus “mil lagos”, as renas e… o Pai Natal.
A aldeia do Pai Natal
A Lapónia esconde no seu seio a casa do Pai Natal. Realmente, perto de Rovaniemi (cidade onde aterrámos), o Pai Natal, o verdadeiro bem entendido, tem os seus domínios numa aldeia bem organizada. Ao redor da sua pequena casinha, escondida no meio de altos pinheiros, organiza-se uma aldeia onde não faltam as lojas de souvenirs – caríssimos, e onde podemos respirar toda a magia do Natal, mesmo fora desta época festiva. Admiramos a eficiência do posto de correio, onde não só estão expostas as milhares de cartas das crianças do mundo, em cacifos bem organizados, como podemos enviar cartas. Apraz-nos constatar que a magia se estende por inúmeros países do mundo, e que o cacifo de Portugal está bem recheado. Uma particularidade bem interessante reveste este posto de correios: podemos comprar qualquer postal, grandes ou pequenos, em desenho ou fotografia do nosso amigo bonacheirão - a escolha é extensa. Depois, em nome do Pai Natal, enviá-los para onde quisermos; naquele momento ou para Natal seguinte! Fazemos assim as delícias dos mais novos quando recebem um postal do verdadeiro Pai Natal, para além da nossa admiração, pois tal pormenor esvai-se da nossa memória. Brincamos um pouco com os acessórios que estão ao nosso dispor – capas, chapéus, botas – constatando que só é necessário alguém dar o primeiro passo para desbloquear o falso ar indiferente dos restantes adultos. A magia do Natal invade todos e, quando nos afastamos, já outro grupo de adultos ávido se diverte brincando ao Natal.
Viva o Pai Natal!
Continuamos na nossa demanda de encontrar o Pai Natal e, atravessando pelo caminho a linha invisível do Círculo Polar Árctico. Num “monumento” devidamente assinalado, encontramos a divisão entre o Hemisfério Norte e o Árctico. Fisicamente sem nada de especial, provoca-nos no entanto, um sentimento de euforia por mais um estranho objectivo alcançado – O Circulo Polar Árctico! Seguindo caminho, apreciámos as bonitas casas construídas em madeira, quando o coração dá um salto de antecipação: é naquela que está o Pai Natal! Percorremos os corredores, perscrutamos as salas quando… Ali está ele! Esta aldeia envolve-nos tanto na sua magia que, tal como crianças, titubeamos perante a sua pergunta de que país somos, coramos e sorrimos desmesuradamente ao “verdadeiro”, ao “autêntico” Pai Natal. Obviamente não o podíamos fotografar com a nossa máquina. Oh, não! O Pai Natal tem de preservar a sua identidade, resguardar-se de olhares curiosos…Mas não resistimos a pedir ao simpático Duende que nos tire uma fotografia com o protagonista da história, para uma cara mas inestimável recordação!
Rovaniemi oferece-nos pouco mais do que a aldeia do Pai Natal. Após assistir a umas corridas de mota de neve e de uma breve visita ao Museu Natural, estávamos prontos para partir para Peurusavanto, 200Km norte do Círculo Polar Árctico. Ainda mais isolada do que a aldeia do Pai Natal, esta localidade resume-se a uma hospedagem com algumas “cabanas” para alugar e a um café-restaurante à beira da estrada que serve quem lá pára. Neste local chama-se, cordatamente, vizinho a quem mora a 50Km de distância. Este isolamento, contudo, não é sinónimo de desconforto. Pelo contrário: os finlandeses procuram compensar em conforto o clima agreste e hostil que se faz sentir fora de paredes. Todas as casas particulares, e também as nossas cabanas de aluguer, são de madeira, com aquecimento e equipadas com sauna. Estas são usadas diariamente num ritual tão habitual como o duche. A hospedagem de Olav e Hilka seria a nossa base de exploração para as diversas actividades de Inverno, fornecendo-nos ainda todo o equipamento necessário, desde o mais elementar como botas e fatos de neve. Este isolamento cria um ambiente cordial de intimidade entre os hóspedes, naquele momento apenas três portugueses (nós), dois casais franceses, um dos quais com dois filhos de cinco e oito anos. Os companheiros franceses revelaram-se fantásticos, sendo que um deles era descendente de portugueses e conhecia Portugal de lés a lés. Realmente, em cada parte do mundo, existe uma costela portuguesa algures! Calhou a nossa cabana ser virada para o rio para, segundo o nosso anfitrião, proporcionar uma corrida, após a sauna – directamente para as águas geladas do rio! Loucura? Infelizmente não pudemos usufruir desta experiência, pois o rio, por estar no degelo, apresentava bocados de gelo cortante, tendo sido interditado pelas autoridades. Restou-nos a experiência de rebolar e fazer “anjos” na neve, após a sauna a 80º graus, o que se revelou hilariante e estranhamente revigorante - e não um bom exemplo para os nossos companheiros mais jovens!
Corridas nos pântanos gelados
Perante uma natureza a que habitualmente não estamos expostos, com árvores completamente submersas pela neve, ansiamos pelas diversas actividades de outdoor. O esqui de fundo e as “raquetes” permitiram-nos sentir, literalmente, a neve e o gelo nas inúmeras e constantes quedas. De facto, ou estávamos no chão, ou a rir desalmadamente, perante os olhares condescendentes dos nossos companheiros e instrutores – continuávamos a não ser um bom exemplo para os mais novos que nos superavam em habilidade já treinada. As motas de neve mexeram com a nossa adrenalina em corridas pelos pântanos gelados, pondo em prática as técnicas observadas na corrida em Rovaniemi, ou algo parecido! Aqui, sem obstáculos, atrevemo-nos a uma maior velocidade, do que a usada nos percursos da floresta. No meio da floresta, com as árvores a servirem de obstáculos e caminhos tortuosos, a força exigida aos pulsos, num movimento constante e trepidante, é tanta que por vezes estes não aguentam e… a mota vira! Felizmente a neve é fofa e os fatos e as botas quentes e impermeáveis.
Peixe, peixinho…
As excursões de mota de neve permitem-nos aceder a sítios mais recônditos da floresta, estacionar num dos mil lagos da Finlândia e fazer um pouco de pesca no gelo. Com um instrumento próprio, abrimos um orifício no gelo, estendemos umas peles de rena no chão gelado, instalamo-nos confortavelmente com uma linha de pesca enfiada no buraco e esperamos… e esperamos… Esperamos com os olhos fixos no buraquito, atentos a um puxão da linha que, finalmente, acontece. Conseguimos pescar uns peixitos que a Hilka cozinhará deliciosamente logo à noite para o jantar, à semelhança de todas as outras magníficas refeições que nos tem proporcionado. Por agora, dirigimo-nos ao Teepee (cabana de madeira com abertura no centro do tecto para a saída de fumos) comunitário, para um belo guisado de rena. É nossa companhia constante nestas deambulações, a cadela samoiedo Pirrê que aquece as crianças no trenó (as crianças não iam em mota), parecendo zelar pela sua segurança, e fazendo a delícia de todos, perante um dono completamente rendido à sua dedicação. Não resistimos a afagá-la constantemente retribuindo a sua calma e meiguice.
Guisado de Rena
Na Lapónia não poderia faltar uma visita a uma quinta de renas, observando-as no seu quase habitat natural. Os tratadores, vestidos a rigor com os trajes imensamente coloridos, talvez para contrastar com a paisagem branca, típicos da região da Lapónia. As renas apresentavam-se contudo, dramaticamente aos nossos olhos, com as hastes penduradas, apenas com uma ou sem nenhuma haste. Todos os anos, no início da Primavera, as renas perdem as suas vigorosas hastes, que voltarão a crescer exactamente iguais, como uma impressão digital. Alimentamo-las, para de seguida usar os seus “serviços”. Andar nos trenós puxados pelas renas revelou-se algo enfadonho; com cada qual no seu trenó, sem hipótese de conversar e comentar a experiência e sem poder sair do trenó durante a sua marcha lenta. De facto as renas são tão assustadiças que se tornam estúpidas: qualquer movimento mais amplo fazia-as sair do trilho, enterrando-se até às orelhas e arrastando os nossos trenós com elas! Numa paisagem branca, intocável, calmíssima; semi-deitados em peles de rena quentinhas; o cansaço acumulado pelas diversas actividades; o resto já se pode imaginar… Os olhos a quererem e a conseguirem fechar, fazendo sorrir o Lapão que conduzia a nossa caravana de trenós. Estas características das renas – incaridosamente estúpidas – confirmaram-se ao assistirmos a um Festival, uma festa popular, em
O fidelíssimo amigo
Excitante, extraordinário e maravilhoso foi o passeio de trenó de cães! Explicada a técnica de condução partimos para mais uma aventura, um a conduzir e o outro instalado no trenó. Na verdade, para o viajante que vai sentado, os primeiros quilómetros não são muito agradáveis: pois quando os cães começam a correr… algo tem de sair! E, sete cães por trenó, seis trenós… não necessita de mais comentários odoríferos! No entanto, ultrapassado este obstáculo, revelou-se A Experiência eleita desta viagem. Os Huskies, menos corpulentos do que os nossos pets, devido ao exercício constante, mostravam-se impacientes para partir. A agitação, os latidos excitados, desenganam qualquer um que ache esta actividade violenta. A primeira etapa da corrida decorreu durante 8Km, apesar de breves interrupções para troca e ajuste do rendimento dos cães. Impossível de ignorar a mágica paisagem, esta assumiu no entanto um papel secundário, merecendo o nosso fiel amigo, o protagonismo desta aventura. Ao fim da primeira etapa, ofegantes, os cães agradeceram a paragem, permitindo-lhes descansar e a nós almoçar. O almoço foi porém de curta duração, pois era impossível ignorar a agitação dos cães, novamente ansiosos por partir, puxando os trenós travados, dizendo-nos que eram horas de correr, percorrer nova etapa de 8km para o regresso. Eles sim, dão literalmente sentido ao provérbio “quem corre por gosto…”.
Lições de cidadania
Após esta aventura, encarámos com inveja um grupo de franceses acabados de chegar à nossa hospedagem, e que estavam a fazer uma expedição de trenós de cães (no verdadeiro sentido da palavra, uma vez que comportava cerca de trinta cães e tinha a duração de três meses), por diversos países do norte da Europa. Os franceses faziam parte de uma organização que recolhe Huskies, Malamutes, Samoiedos, abandonados ou maltratados nas ruas de Paris, ou aqueles de que as pessoas já não podem cuidar ou não querem -situações infames e impensáveis! Para prover ao seu sustento, a par com subsídios do estado, organizam viagens de aventura, proporcionando simultaneamente bem estar e prazer a ambas as raças envolvidas no programa – Homens e Cães. Pareceu-nos um esquema fenomenal, com os cães no seu ambiente natural de temperaturas negativas, calcorreando lindas paisagens, bem alimentados e devidamente acompanhados por uma equipa preocupada e por turistas amantes não só da Natureza como dos animais. Olhando para estes turistas, descortinava-se sempre um sorriso implícito em cada movimento numa plena realização pessoal. Nunca é demais lembrar às pessoas que, o amigo fidelíssimo, merece bem a alcunha que tem: «o melhor amigo do Homem». Não tenha um animal de estimação se não tiver condições para tal – condições físicas e psicológicas. Tratar bem um animal não é apenas dar-lhe de comer: é acarinhá-lo, passear com ele, dedicar-lhe alguma atenção que ele certamente retribuirá acrescido em 500%. Tratar bem não é, certamente, ter um cão preso num quintal, com uma corrente mínima, dias e dias, semanas e semanas, meses e meses e, assim se passam anos.
O Adeus
Despedimo-nos desta terra, sobrevoando a paisagem gelada, descortinando os inúmeros lagos numa quebra da floresta. Fica-nos por ver a famosa e mítica Aurora Boreal, as luzes do Norte. Esta aconteceu na quarta noite da nossa estadia, precisamente aquela em que nos fomos deitar quando, ficar acordado mais uma noite após tantas actividades era impossível. Ficará este objectivo para um outro ADMIRÁVEL DESTINO!
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